Leitura, Interpretação e Produção de Texto #2

O que é um texto bem escrito?


Obs: Eu acrescentei links no próprio texto abaixo sobre figuras de linguagem e tipos textuais.
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Eu já vou responder: um texto bem escrito é fluido e compreensível, mas isso depende de diversos fatores.

Eu cito alguns:
- objeto: sobre o que você está falando?
O objeto/tema tem sempre que estar claro! Ele geralmente vai ter conexão com o título ou subtítulo.



PS: um texto não é só formado por palavras, como a gente já viu. É uma oração + contexto + cultura + significados...

Então vamos ter textos não verbais (em que há ausência de palavra, mas não de significado)

Isso é genial, mas só faz sentido pras pessoas que estão muito cansadas e, quem sabe, precisem de uma recarga de energia. Quem dera pudesse vir da tomada.

- público: pra quem você está escrevendo?
Aqui, no blog, eu posso usar uma linguagem informal com você, de uma forma familiar.
Nas aulas em pdfs, livros e gramáticas, o público exige um contato mais formal. E como no dia a dia as pessoas não têm tanto contato com a língua formal, ela naturalmente fica mais complexa de entender. 

E essa formalidade se aproxima em muito de uma linguagem "mais fria".
São usados termos técnicos, quase nenhuma comparação, zero metáfora.

Dificilmente, você vai ver personificação:
"O cachorro sorriu" - o ato de sorrir é próprio do ser humano
"O mundo está triste" - pode ser até que animais fiquem tristes, mas como coisas ficariam? Isso é uma personificação.

Cacofonia:
"A informação formou opiniões."
1º é uma personificação. Quem forma opiniões são pessoas, a partir de informações talvez.
2º a gente tem uma repetição de som "forma... formo" aqui. Isso deve ser evitado em textos formais.

Figuras de linguagem em geral devem ser evitadas. Por quê? Porque elas não expressam o significado literal. A mais comum do dia a dia acho que deve ser ironia (ps: também não pode rimar em textos formais kkkkkkkkkkkk)

Lê uma bula de remédio pra você ver que texto formal: impessoal (não vai usar você, nem eu), técnico, não vai dar espaço pra ambiguidade, afinal, se você entender de outro jeito, pode ser que morra kkkkk

Talvez a bula estivesse ambígua quanto as instruções

Então já sabemos que você precisa dominar o assunto, pra escrever bem sobre o objeto do seu texto e tem que saber para quem você está escrevendo.

Se você escreve para uma banca de concurso, já se espera que te peçam:
- uma dissertação (um tipo textual dissertativo-argumentativo)
- entre 15 e 30 linhas: e por isso, você precisa ser concisa e objetiva
- sobre algum tema X, e por isso você em hipótese alguma deve se desviar desse tema.

Uma dissertação tem:
Introdução
Desenvolvimento
Conclusão

Um texto dissertativo-argumentativo já tem indica que você vai precisar de argumentos. Onde? No desenvolvimento.

Vamos pegar o tema do Enem de 2015: "A Persistência da Violência contra a Mulher na Sociedade Brasileira".

O núcleo do tema é a violência contra a mulher. No mundo? Não, no Brasil. É um fenômeno novo? Não, o tema diz "persistência", ou seja, não só já existe como está difícil de combater.

A violência contra a mulher no Brasil tem apresentado aumentos significativos nas últimas décadas. De acordo com o Mapa da Violência de 2012, o número de mortes por essa causa aumentou em 230% no período de 1980 a 2010. Além da física, o balanço de 2014 relatou cerca de 48% de outros tipos de violência contra a mulher, dentre esses a psicológica. Nesse âmbito, pode-se analisar que essa problemática persiste por ter raízes históricas e ideológicas.
O Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da sociedade patriarcal. Isso se dá porque, ainda no século XXI, existe uma espécie de determinismo biológico em relação às mulheres. Contrariando a célebre frase de Simone de Beavouir “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, a cultura brasileira, em grande parte, prega que o sexo feminino tem a função social de se submeter ao masculino, independentemente de seu convívio social, capaz de construir um ser como mulher livre. Dessa forma, os comportamentos violentos contra as mulheres são naturalizados, pois estavam dentro da construção social advinda da ditadura do patriarcado. Consequentemente, a punição para este tipo de agressão é dificultada pelos traços culturais existentes, e, assim, a liberdade para o ato é aumentada.
Além disso, já o estigma do machismo na sociedade brasileira. Isso ocorre porque a ideologia da superioridade do gênero masculino em detrimento do feminino reflete no cotidiano dos brasileiros. Nesse viés, as mulheres são objetificadas e vistas apenas como fonte de prazer para o homem, e são ensinadas desde cedo a se submeterem aos mesmos e a serem recatadas. Dessa maneira, constrói-se uma cultura do medo, na qual o sexo feminino tem medo de se expressar por estar sob a constante ameaça de sofrer violência física ou psicológica de seu progenitor ou companheiro. Por conseguinte, o número de casos de violência contra a mulher reportados às autoridades é baixíssimo, inclusive os de reincidência.
Pode-se perceber, portanto, que as raízes históricas e ideológicas brasileiras dificultam a erradicação da violência contra a mulher no país. Para que essa erradicação seja possível, é necessário que as mídias deixem de utilizar sua capacidade de propagação de informação para promover a objetificação da mulher e passe a usá-la para difundir campanhas governamentais para a denúncia de agressão contra o sexo feminino. Ademais, é preciso que o Poder Legislativo crie um projeto de lei para aumentar a punição de agressores, para que seja possível diminuir a reincidência. Quem sabe, assim, o fim da violência contra a mulher deixe de ser uma utopia para o Brasil.

Esse texto é de Amanda Carvalho Maia Castro, ela foi uma das redações Nota Mil, peguei no G1.

Ela usou um modelo comum: 4 parágrafos. 1 de introdução, 2 de desenvolvimento e 1 de conclusão.

Parágrafo 1: ela introduziu o tema da violência e anunciou que vai trabalhar com 2 hipóteses de por que a violência persiste > raízes históricas e ideológicas.

Parágrafo 2: a hipótese da raiz histórica é que a sociedade patriarcal tornou a violência contra a mulher algo natural, tão natural que a conclusão da hipótese é que a agressão não é punida.

Parágrafo 3: a hipótese da raiz ideológica "machismo". Uma cultura que reforça a superioridade do homem causa submissão, medo e ameaças de violência. A conclusão dessa hipótese é que poucos casos de violência contra mulher são denunciados, inclusive os casos em que há reincidência.

Conclusão: ela introduz soluções para as hipóteses que desenvolveu: 1. parar propagandas de objetificação da mulher 2. investir em campanhas para denúncia da violência 3. leis com punições mais rigorosas.

Mesmo nos parágrafos de desenvolvimento, há um reforço do sistema "introdução, desenvolvimento e conclusão". Você introduz sua hipótese/argumento em uma frase do parágrafo, desenvolve nas próximas e na última, conclui.


Agora vamos tentar desenvolver uma redação em cima desse tema do Enem. 30 linhas para escrever um texto dissertativo-argumentativo. Não precisa ter título.


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